Numa tentativa de descobrirmos a importância do Associativismo nos Jovens, fomos ao Centro Cultural e Desportivo Oriental de São Martinho, uma das mais emblemáticas e interessantes Colectividades da Cidade da Covilhã, conhecer um jovem que há muitos anos “dá cartas” nestas andanças.
Francisco Mota, 30 anos, natural da Covilhã, Vice-Presidente da Direcção do Oriental e Coordenador da Secção Cultural, é o que se pode chamar uma “força da natureza”.
Enérgico, culto, inteligente, transborda simpatia e um amor desmesurado pelo seu Oriental de São Martinho.
Vamos conhecê-lo.
Em primeiro lugar, queremos agradecer-lhe por nos ter recebido nesta bonita Colectividade e em dar-nos a sua perspectiva de Associativismo, bem como da sua importância para os Jovens.
Como é que tudo começou?
Eu desde sempre convivi com o Associativismo. O meu Pai foi dirigente da Banda da Covilhã durante muitos anos, o que me levou desde cedo, a estar próximo desta realidade.
Acompanhava-o muitas vezes e integrei alguns grupos daquela instituição, como foi o caso do Rancho Folclórico Infantil. Para seu desgosto nunca fui músico (risos).
Depois ficava fascinado com todas as vivências que estão na génese do Associativismo. Aprendi que partilhar é a forma mais humana e digna, de sermos úteis uns para os outros.
O meu Pai faleceu em 1990, eu tinha 12 anos, foi trágico.
Deixei de estar próximo do Associativismo, mas passados dois anos (1992), convidaram-me para participar na Marcha Popular do Oriental. Faltavam rapazes e uma amiga minha lançou-me o repto. Aceitei e em boa hora o fiz. Fui extremamente bem acolhido e senti-me abraçado por uma nova família.
Iniciei então o meu caminho nesta Colectividade. As marchas trouxeram-me outras iniciativas, e aos 19 anos entrava para Secretário da Direcção.
Este é um Clube que nos motiva e que nos exige muito. E eu gosto destes desafios.
Muitos dos saberes, adquirem-se no dia-a-dia destas Instituições. O “caminho faz-se caminhando”, e é também nos Clubes que são aprendidos passos importantíssimos na construção do Ser Humano. Para isso, contam obviamente, as Actividades Recreativas, Desportivas e/ou Culturais e a dinâmica empregue em cada uma delas.
Idealizava os temas, escrevia as letras, elaborava as coreografias e desenhava os figurinos.
No escalão Júnior obtive um primeiro lugar (1999) e um prémio para o melhor traje (2000).
Além disso, como simples marchante, ainda fiz parte das marchas do Oriental que obtiveram dois primeiros lugares (1994 e 1995), e dois prémios para o melhor traje (1993 e 1995).
Tudo o que consegui foi com a ajuda de uma grande equipa. Sem eles, nada teria sido possível.
Pertenço também ao “Trovas ao Luar” – Grupo de Cantares Populares do Oriental, que tem feito um trabalho notável na preservação da Música Tradicional ao longo de 10 anos, e tem actuado um pouco por todo o País, incluindo os Açores, onde estivemos em 2004. Além disso, criei um Grupo de Teatro, que apresentará a sua primeira peça no final deste ano.
Tenho imensos projectos que gostava de desenvolver. Espero ter tempo para o fazer.
Quanto ao meu livro, ainda está a ser trabalhado. Será uma compilação de alguns poemas, que fui escrevendo ao longo dos últimos anos
E o Musical “Contrastes”?
Apresentámos este espectáculo à Comunicação Social no início de Maio. Envolve cerca de 50 jovens em cena, e no total serão perto de 100 pessoas a abraçar esta iniciativa.
“Contrastes – O Musical” é uma história actual. Fala de problemas sociais e aborda as vivências de dois grupos de jovens.
Faltam apoios financeiros para subir ao palco. Vamos ver o que acontece nos próximos meses.
(risos) Não, não sou. O Oriental de São Martinho tem felizmente, muitos talentos. É um clube com 54 anos e uma história enorme, que se confunde com a história da própria cidade da Covilhã.
O que sou devo-o a esta casa e às pessoas que se cruzaram no meu caminho.
Ser Presidente do Oriental é uma grande honra, mas também uma grande responsabilidade. Carregar um peso histórico, como o do Oriental, é de facto uma tarefa difícil e extremamente exigente.
Todos são importantes e imprescindíveis. Uma Colectividade, como o Oriental de São Martinho, não pode dar-se ao luxo de abdicar de quem quer que seja.