Por: Ana Eugénia Inácio
Dez anos depois, as marchas populares estão de regresso à Covilhã, com dois desfiles. O primeiro acontece já no sábado, entre o Campo das Festas, Avenida Frei Heitor Pinto e Pelourinho, e o segundo no dia 25, no Complexo Desportivo. A poucos dias das coletividades se apresentarem à cidade afinam-se os últimos pormenores. O nervoso miudinho aparece e a ansiedade também.
O CCD Oriental de São Martinho já é um veterano nestas lides. As marchas realizaram-se durante 18 anos, entre 1989 e 2006, e a coletividade participou em 16. Francisco Mota foi responsável pelas coreografias da associação do bairro de São Martinho desde 1998, mas antes participava como marchante. Agora é presidente da coletividade e volta a comandar os ensaios. «O regresso é maravilhoso», afirma, considerando que «é uma festa que a cidade merece ter e que nunca devia ter acabado». O dirigente recorda com saudade os tempos das marchas: «Traziam muita gente para a rua e movimentavam as coletividades, era a grande festa popular da cidade». Este ano, ao contrário do que acontecia, não há competição, mas Francisco Mota garante que «continuamos a pôr qualidade máxima naquilo que estamos a fazer, não vejo diferença de quando havia competição».
Entre marchantes, músicos, padrinhos, porta estandartes e porta placas são cerca de 50 pessoas que participam. De resto, elementos não faltam, pois assim que se soube que haveria marchas novamente houve logo muita gente a manifestar interesse em participar. Coordenar nem sempre é fácil, «mas por um lado há um prazer enorme de chegar ao fim, ver um resultado maravilhoso e as pessoas dedicadas, empenhadas, e com vontade de fazer um belíssimo trabalho», salienta Francisco Mota, que conta com a preciosa ajuda de Albertina Barata. Também ela já não é uma estreante nestas tarefas, pois antes coordenava o grupo de crianças. É pela primeira vez este ano que está com os adultos. «Isto dá-nos muitas dores de cabeça, há muitas preocupações, temos de estar atentos a todos os pormenores», afirma Albertina Barata, que garante que o resultado final «compensa».
O Oriental de São Martinho começava a preparar as marchas quase de um ano para o outro, mas desta vez houve menos tempo. Nada que preocupe estes dois elementos, para quem a sua marcha «vai ser maravilhosa». Francisco Mota tem em conta o título de tricampeão – o Oriental venceu as últimas três edições – e quer «defender esse título». Após 15 anos como marchante, Alexandra Lucas fez parte dessas conquistas e este ano vai ser porta-estandarte. «Se não fosse nas marchas do Oriental não ia em mais nenhuma. É um bichinho que está cá dentro e nos faz voltar», confessa, admitindo que foi «com muito gosto» que recebeu a notícia de que a tradição ia regressar. As Marchas Populares eram uma atividade a que os covilhanenses já estavam habituados e sempre receberam bem. Francisco Mota espera que este regresso «venha dar algum colorido e alegria não só ao Bairro de São Martinho, como a todo o centro histórico da cidade, que está muito envelhecido».
À frente da organização desta edição das Marchas Populares está o Grupo Desportivo da Mata, que também vai desfilar, juntamente com o Oriental de São Martinho, o Grupo Educação e Recreio Campos Melo, o Vitória de Santo António, as Águias do Canhoso e o Académico dos Penedos Altos. A Câmara da Covilhã tem um orçamento de 20 mil euros para a realização desta atividade, tendo atribuído 2.500 a cada grupo participante.