quarta-feira, 7 de maio de 2008

"Contrastes" - Diário XXI

Oriental ensaia musical à espera de apoios

As desigualdades e discriminação sociais estão em foco nesta que é a primeira produção deste tipo, para a qual a colectividade covilhanense não tem dinheiro

Liliana Machadinha

"Contrastes" é o título da nova produção do Oriental de São Martinho, da Covilhã. Tal como o nome sugere, este musical reflecte sobre flagelos socais como o racismo, toxicodependência ou mesmo desigualdades de classes, explicou Francisco Mota, vice-presidente da colectividade e também o autor e encenador do espectáculo. "Contrastes" é composto por dois actos, 21 músicas, um elenco de 50 jovens, entre os 12 e os 20 anos, oriundos do concelho da Covilhã, e começou a ser ensaiado em Outubro último.
"Contrastes" é a "realização de um sonho", disse Francisco Mota, que está em risco de não passar do pavilhão do Oriental (onde decorrem os ensaios duas vezes por semana), devido à falta de apoios. O espectáculo está orçado em 12.900 euros e a colectividade não tem dinheiro para o levar ao palco, lamentou o vice-presidente. Os apoios já começaram a ser pedidos, mas aos dirigentes não chegou nenhuma garantia. "Este dinheiro é para fatos e cenários acima de tudo, porque os intervenientes não recebem um tostão", esclareceu, apelando de seguida à ajuda de investidores privados. "É um espectáculo não para o Oriental, mas para toda a cidade e a promoção será boa para todos", argumentou, acrescentando: "Até de costureiras precisamos, o apoio não tem de ser dinheiro". Sem saber quando poderá estar em cena, Francisco Mota aponta que o aniversário da colectividade, em Setembro, ou mesmo o Dia da Cidade, 20 de Outubro, como datas "simbolicamente interessantes" para estrear o "Contrastes".

À PROCURA DE SEMELHANÇAS
O trabalho ilustra dois grupos rivais que vivem no mesmo bairro e aos quais é incumbida a tarefa de protagonizar um espectáculo musical para a comunidade. Segundo adiantou Francisco Mota, anteontem na apresentação oficial do musical, as brigas e desavenças criam-se, mas também se descobrem paixões, levando a concluir que "as semelhanças são maiores do que as diferenças".